é que se eu pudesse, assaltava o teu peito e rasgava-o em vermelho: tinta-sangue, de uma cor quente, visceral. colocava nesse espaço aberto dezenas de objectos, esperando que vivesses de novo. pétalas vegetais, as telhas da minha casa, a linfa do corpo, imaginação emprestada, as fotografias do álbum, a esperança que nunca tiveste. se eu pudesse, regressava ao teu passado e apertava-te a mão com mais força. sentiria os teus ossos, os teus ossos cristal; não esperaria que me amasses.
[o que é o amor se não a força dos rios e da água louca]
é que se eu pudesse, depois do futuro, morreria fulminada contra o azul dos teus olhos no fundo do mar. completamente só.
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