contavas-me o frio da minha antiga secretária e eu pouco dela relembro. em mim ficou preso o nevoeiro das madrugadas urgentes e a chuva cativa do duplo vidro da janela; nada mais.
pai, contavas-me o frio da casa, o frio das mãos; a tortura do tempo, a imensidão das tuas rugas.
pai, ainda existem fotografias nossas?
a casa que me abandonou continua fria.
tantas vezes tenho saudades dos meus olhos brilhantes e das imagens claras, definidas. em que dia o passado nos engoliu e soltámos o último suspiro?
quando deixámos de ver, pai?
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