não havia tarde longe dela. o pai segurava-a, fragilidade, ao colo.
cuidado: os olhos em vidro ameno, o vento fresco contra a pele branca do rosto, o carapuço do casaco de lã a deixar espreitar os cabelos finos, lisos e castanhos; o rosto mais perfeito, a pureza mais perfeita. e ela permanecia no silêncio feliz, no silêncio da esperança com que se olha o céu estrelado numa fresca noite de inverno, ou no silêncio de ser criança e amor, ao colo. e o pai aconchegava a filha no peito e repetia-lhe ternura vezes sem conta. vezes sem conta: eu tentei contar as vezes, e tornou-se impossível.
à porta do teatro, os miúdos riam e faziam-se princípes ou índios e ela era apenas feliz, ao colo do pai. a felicidade nos braços de um pai é a flor mais bela: é a primavera dentro do mundo e o mundo maior que todas as coisas maravilhosas.
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